A guarda compartilhada é um tema que ganha cada vez mais relevância no contexto familiar moderno. Com a crescente conscientização sobre a importância da participação equilibrada dos pais na criação dos filhos, a guarda compartilhada surge como uma solução que beneficia tanto as crianças quanto os pais.
Maria e João estavam passando por um divórcio difícil, e a maior preocupação deles era garantir o bem-estar do filho, Lucas. Ambos queriam participar ativamente da vida do garoto, mas não sabiam como proceder. Foi então que ouviram falar sobre a guarda compartilhada. Esta modalidade de guarda pode ser a solução para muitos pais que desejam continuar envolvidos na criação dos filhos após a separação.
Neste artigo, vamos explorar em detalhes o conceito de guarda compartilhada, como funciona, os direitos e deveres dos pais, os benefícios para os filhos e as decisões judiciais envolvidas. Vamos também abordar as principais leis que fundamentam a guarda compartilhada e fornecer orientações sobre como solicitar este tipo de guarda.
O Que é Guarda Compartilhada?
A guarda compartilhada é um modelo de guarda onde ambos os pais têm o direito e o dever de participar ativamente da criação e educação dos filhos, dividindo as responsabilidades e decisões a serem tomadas. Diferente da guarda unilateral, onde apenas um dos pais detém a responsabilidade principal e o outro tem somente direitos de visitação, a guarda compartilhada busca equilibrar as responsabilidades e a convivência dos filhos com ambos os pais.
Como Funciona a Guarda Compartilhada?
Na guarda compartilhada, as decisões sobre a vida do filho, como educação, saúde, atividades extracurriculares e outros aspectos importantes, são tomadas conjuntamente pelos pais. Isso requer comunicação constante e colaboração mútua.
Como é feita a divisão do tempo na guarda compartilhada?
A divisão do tempo de convivência dos filhos com cada um dos pais pode variar. Não necessariamente significa uma divisão igualitária do tempo (50/50), mas sim uma divisão que melhor atenda às necessidades e interesses do filho. O plano de convivência é ajustado de acordo com a rotina e disponibilidade dos pais e do filho.
Quais são os direitos e deveres dos pais na guarda compartilhada?
Ambos os pais têm direitos iguais na tomada de decisões importantes sobre a vida do filho. Também têm o dever de proporcionar um ambiente seguro, educacionalmente enriquecedor e emocionalmente estável. As responsabilidades financeiras continuam sendo compartilhadas, e ambos devem contribuir para o bem-estar do filho.
Quais são os benefícios da guarda compartilhada para os filhos?
- Estabilidade Emocional:
- Manter uma relação próxima com ambos os pais ajuda a criança a se sentir mais segura e amada, promovendo a estabilidade emocional.
- Equilíbrio na Educação:
- A participação ativa de ambos os pais proporciona um equilíbrio na educação e nos valores transmitidos.
- Redução de Conflitos:
- A guarda compartilhada pode reduzir os conflitos entre os pais, uma vez que ambos têm responsabilidades e direitos iguais.
- Apoio e Supervisão Constante:
- A presença de ambos os pais na vida da criança oferece um suporte contínuo e uma supervisão mais efetiva.
A guarda compartilhada é obrigatória?
A guarda compartilhada é a regra geral estabelecida pela Lei 13.058/2014, mesmo que haja desacordo entre os pais. No entanto, o juiz pode determinar a guarda unilateral se entender que é o melhor para o interesse do menor.
Na guarda compartilhada paga pensão alimentícia?
Sim, mesmo na guarda compartilhada, um dos pais pode ser obrigado a pagar pensão alimentícia. Isso ocorre porque, apesar da divisão de tempo e responsabilidades, as condições financeiras de cada pai podem variar significativamente. O objetivo da pensão alimentícia é garantir que o filho mantenha um padrão de vida adequado e que suas necessidades sejam atendidas de maneira justa.
Como é Calculada a Pensão na Guarda Compartilhada?
A pensão alimentícia é calculada com base nas seguintes considerações:
- Necessidades do Filho:
- As necessidades básicas e adicionais do filho, como alimentação, educação, saúde, lazer e vestuário.
- Capacidade Financeira dos Pais:
- A renda e as despesas de cada pai são avaliadas para determinar quanto cada um pode contribuir sem comprometer sua própria subsistência.
- Proporcionalidade:
- A contribuição de cada pai deve ser proporcional à sua capacidade financeira, garantindo que o filho receba suporte adequado de ambos.
Como são feitos os ajustes no valor da pensão alimentícia?
O valor da pensão pode ser ajustado periodicamente, conforme mudanças nas necessidades do filho ou nas condições financeiras dos pais. Esses ajustes podem ser feitos por meio de acordos amigáveis ou, se necessário, por decisão judicial.
O que fazer se houver dúvidas ou conflitos sobre a pensão alimentícia na guarda compartilhada?
Se surgirem dúvidas ou conflitos, é recomendável buscar a orientação de um advogado especializado em direito de família. O advogado pode ajudar a interpretar a legislação, negociar ajustes e, se necessário, representar os interesses do pai ou da mãe em uma ação judicial.
Como fica a guarda compartilhada em caso de mudança de cidade?
Se um dos pais mudar de cidade, será necessário revisar o plano de convivência para adequar a nova realidade. O ideal é buscar um acordo amigável ou, na ausência de consenso, solicitar a revisão judicial da guarda.
O que acontece se um dos pais não cumprir o acordo de guarda compartilhada?
Caso um dos pais não cumpra o acordo de guarda compartilhada, o outro pode acionar o Judiciário para solicitar a revisão do acordo e a aplicação de medidas coercitivas, como multa ou até a revisão da guarda.
Como Solicitar a Guarda Compartilhada?
Para solicitar a guarda compartilhada, os pais devem apresentar um pedido ao juiz da Vara de Família. O processo pode ser consensual, quando ambos os pais estão de acordo, ou litigioso, quando há desacordo entre as partes.
Passos para Solicitar a Guarda Compartilhada
- Consenso Entre os Pais:
- Tente chegar a um acordo amigável com o outro pai sobre a guarda compartilhada e as condições de convivência.
- Elaboração do Plano de Convivência:
- Prepare um plano detalhado de convivência, especificando como será a divisão do tempo, as responsabilidades e a participação nas decisões.
- Consulta a um Advogado:
- Procure um advogado especializado em direito de família para orientar sobre o processo e preparar a documentação necessária.
- Petição ao Juiz:
- Apresente a petição ao juiz da Vara de Família, anexando o plano de convivência e demais documentos pertinentes.
- Audiência:
- Participe da audiência, onde o juiz ouvirá ambas as partes e, se necessário, os filhos, para decidir sobre a guarda compartilhada.
Dicas Práticas para Pais em Guarda Compartilhada
Para garantir que a guarda compartilhada funcione de maneira eficaz, aqui estão algumas dicas práticas:
- Mantenha uma Comunicação Aberta:
- A comunicação é fundamental para que as decisões sobre a vida do filho sejam tomadas de maneira conjunta e harmoniosa.
- Seja Flexível:
- Esteja disposto a fazer ajustes no plano de convivência quando necessário, sempre priorizando o bem-estar do filho.
- Documente Acordos e Decisões:
- Mantenha registros escritos dos acordos e decisões tomadas para evitar mal-entendidos futuros.
- Participe Ativamente:
- Ambos os pais devem se envolver ativamente na vida do filho, participando de eventos escolares, médicos e outras atividades importantes.
Qual a Diferença entre Guarda Compartilhada e Guarda Alternada?
A guarda compartilhada é um arranjo onde ambos os pais dividem as responsabilidades e decisões sobre a vida dos filhos de forma equilibrada. Isso significa que ambos os genitores participam ativamente das decisões importantes sobre a educação, saúde, e bem-estar da criança. Na guarda compartilhada, o tempo de convivência pode não ser exatamente igual, mas o foco está na coparentalidade e no envolvimento conjunto dos pais na vida dos filhos.
A guarda alternada, por outro lado, envolve um arranjo em que a criança passa períodos alternados inteiros com cada um dos pais. Isso pode significar que a criança fica uma semana, um mês ou outro período específico com um dos pais e depois o mesmo período com o outro. Durante o período em que a criança está com um dos pais, esse genitor é o responsável exclusivo pelas decisões cotidianas sobre a vida da criança.
Diferenças Principais
- Responsabilidade e Decisões:
- Guarda Compartilhada: Ambos os pais compartilham a responsabilidade e tomam decisões conjuntas sobre a vida da criança, mesmo quando a criança não está fisicamente presente com um dos pais.
- Guarda Alternada: Cada pai toma decisões exclusivamente durante o período em que a criança está sob sua guarda, sem a necessidade de consulta constante ao outro pai.
- Estrutura de Tempo:
- Guarda Compartilhada: O tempo de convivência é dividido de forma que ambos os pais estejam envolvidos na rotina diária da criança. A divisão do tempo pode não ser igual, mas ambos os pais têm um papel ativo contínuo.
- Guarda Alternada: A criança alterna períodos completos com cada pai, podendo haver uma divisão mais clara e periódica do tempo, como semanas ou meses alternados.
- Impacto na Vida da Criança:
- Guarda Compartilhada: Promove um ambiente onde a criança tem um acesso contínuo e regular a ambos os pais, facilitando uma transição mais suave e mantendo um envolvimento constante.
- Guarda Alternada: Pode criar desafios de adaptação para a criança devido à alternância entre lares, podendo levar a sentimentos de instabilidade ou desconforto dependendo da frequência das mudanças.
Posição do Judiciário sobre Guarda Alternada
O Judiciário brasileiro, conforme estabelecido pela Lei 13.058/2014, favorece amplamente a guarda compartilhada como o arranjo padrão em casos de separação ou divórcio, desde que seja viável e que ambos os pais estejam dispostos a colaborar. A guarda compartilhada é vista como a melhor forma de garantir que ambos os pais continuem a ter um papel ativo e equilibrado na criação dos filhos, promovendo o bem-estar da criança.
Quanto à guarda alternada, a posição do Judiciário é restritiva. Isso se deve a várias razões:
- Estabilidade da Criança: A guarda alternada pode ser vista como potencialmente desestabilizadora para a criança, especialmente se a alternância for muito frequente, podendo interferir na rotina e criar dificuldades de adaptação.
- Conflitos entre os Pais: A guarda alternada pode exacerbar conflitos entre os pais, especialmente se não houver uma comunicação eficaz e cooperação. A alternância frequente exige um alto grau de coordenação e acordo, o que nem sempre é possível em casos de separações conflituosas.
- Preferência Judicial: Embora a guarda alternada não seja ilegal, ela é menos comum e geralmente é aplicada em casos onde os pais demonstram uma capacidade excepcional de cooperação e comunicação, e onde se considera que a criança se beneficiará desse arranjo específico.
Decisões Judiciais e Jurisprudência
A jurisprudência brasileira tem ampla preferência pela guarda compartilhada. Decisões judiciais frequentemente enfatizam a importância de manter a criança em um ambiente estável e de promover a participação contínua de ambos os pais na vida da criança. A guarda alternada pode ser concedida em situações onde os pais mostram claramente que conseguem manter uma comunicação saudável e que a alternância não prejudicará o bem-estar da criança.
Enquanto a guarda compartilhada é amplamente apoiada e incentivada pelo Judiciário brasileiro como a melhor opção para a maioria das famílias, a guarda alternada é aplicada de forma mais restritiva e cautelosa. A chave para qualquer arranjo de guarda é sempre o melhor interesse da criança, garantindo que suas necessidades emocionais, psicológicas e físicas sejam atendidas de maneira adequada e equilibrada.
Legislação e Jurisprudência Relacionadas
Código Civil Brasileiro
O Código Civil Brasileiro, em seu artigo 1.583, regulamenta a guarda compartilhada, definindo-a como a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
A Lei 13.058/2014 alterou o Código Civil para instituir a guarda compartilhada como a regra, mesmo em casos de desacordo entre os pais, salvo quando um dos pais não estiver apto para exercer o poder familiar.
Decisões do STJ
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui diversas decisões que consolidam o entendimento de que a guarda compartilhada é benéfica para o desenvolvimento dos filhos e deve ser priorizada sempre que possível.
Conclusão
A guarda compartilhada é uma solução eficaz para garantir que ambos os pais participem ativamente da criação e educação dos filhos, mesmo após a separação. Conhecer os direitos e deveres envolvidos, bem como o processo legal para solicitar a guarda compartilhada é essencial para garantir o bem-estar dos filhos e um relacionamento harmonioso entre os pais.
Nossa equipe de advogados especializados em direito de família está pronta para ajudar você a entender e garantir seus direitos em relação à guarda compartilhada. Caso tenha alguma dúvida sobre a guarda compatilhada entre em contato conosco. Garantir o bem-estar e a felicidade da criança deve ser sempre a prioridade.
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